sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

De Um Grande Irmão

Oi Pedro, espero que esteja bem.
Cara tive que te escrever esse bilhete, estou preocupado com você.
O que te aconteceu? Foram o dinheiro e o sucesso que te subiram à cabeça?!
Não posso aceitar pacificamente que um grande amigo (quase irmão) da turma de jornalismo da PUC esteja ligado a um programa tão fútil, tão previsível ...
Lembra-se da cobertura da guerra do Golfo? Da queda do Muro de Berlim? Lembra-se de como o compromisso com o jornalismo era levado a sério, Pedro?
Cara, éramos felizes naquela época. Nosso trabalho era motivo de orgulho para os nossos. Conhecemos pessoas das quais nunca nos esqueceremos, verdadeiros heróis e heroínas!

Pois se você esqueceu, meu caro amigo, escrevo esta carta para te fazer lembrar.

Abraços.

Um grande irmão.

O Sonho de Muita Gente

Achei que já era a hora de termos uma conversa séria, mas você (isso mesmo, não estou te chamando de senhor!) é um cara tão ocupado, não é mesmo?! Achei que uma carta atenderia às minhas necessidades. Espero que não haja nenhuma objeção.
Bom, vou direto ao assunto. Não quero mais trabalhar para você, eu ME DEMITO!
Não é possível que você não enxergue a realidade da empresa.
Acredito que pessoas como você nunca entenderão que os chefes é que dependem dos funcionários e, sendo assim, deveriam CONFIAR neles e, acima de tudo, RESPEITÁ-LOS.
E tem outra coisa, você já parou para pensar que às vezes o erro pode ter sido seu?! Se me permite dizer, no caso da sua empresa, quando o erro não é seu, quem errou estava pensando em você. Pense nisso. Não desejo o seu bem, mas me preocupo com a qualidade de vida daqueles que pensam mesmo que o cargo que ocupam é o máximo que podem alcançar, aqueles que ainda não perceberam seu potencial.
É isso, já me estendi demais.
Ah, assim que eu voltar do Guarujá passo ai para acertarmos as contas.

Felipe.

Carta da Mãe

Paris, 04 de julho de 1998


Oi filho
Desculpa demorar tanto pra responder sua última carta, mas é que estive sem tempo nos últimos dias.
Aqui em Paris tudo é muito lindo, as ruas, as casas, os cinemas e os parques... Ainda te trago para passar uns dias comigo.
Respondendo às suas perguntas, estou trabalhando bastante e continuo morando com seu tio Mauro, dividimos um apartamento que tem vista para uma loja de brinquedos, você ia adorar. Ainda não sei quando volto para o Brasil, estou trabalhando para conseguir um bom dinheiro para seus estudos, filho.
Não dê ouvidos aos colegas do orfanato, eles não entendem nada de profissões, se perguntarem novamente o que faz sua mãe, diga que sou enfermeira e é por isso que trabalho no período da noite. Sempre existirão pessoas que se divertem às custas da tristeza alheia, mas nós temos que ser mais fortes do que isso meu anjo.
Tenho certeza que, se você se esforçar, conseguirá fazer alguns amigos ai. O início de qualquer etapa da vida parece um pouco assustador (foi assim comigo também, aqui em Paris), e é exatamente nas horas difíceis que devemos ser fortes.
Quando você se sentir sozinho lembre-se de mim, de como eu te amo, pense nos momentos felizes que vivemos, lembre das nossas risadas e dos abraços mais apertados. Um dia estaremos juntos novamente e poderemos viver e construir nossa felicidade.
Te amo pra sempre.

Cecília (mamãe)